A evolução da tecnologia
atinge o homem moderno nos mais diversos aspectos da vida, em todas as esferas
sociais, inserindo-se em todas as atividades cotidianas, inclusive na educação.
É praticamente impossível, nos dias de hoje, conceber a realização de tarefas
elementares, como pagar uma conta ou manter contato com um amigo ou parente que
está distante, por exemplo, sem lançar mão dos diversos recursos da tecnologia
moderna, como cartões eletrônicos, telefonia móvel, e-mails, entre outras tecnologias de informação e comunicação
(TICs). De igual modo, torna-se inevitável inserir essas novas tecnologias dentro
do contexto escolar, uma vez que ela faz parte da realidade de alunos e
professores.
O avanço cada vez mais
rápido das TICs chega às escolas, públicas e privadas, através das relativamente
recentes inovações observadas nos próprios recursos e equipamentos utilizados
nas atividades de ensino e aprendizagem, onde os antigos quadros com pincel dão
lugar a lousas digitais que funcionam com um simples toque em uma tela, e tablets
didáticos estão substituindo livros impressos.
Laboratórios de informática
equipados com computadores ligados à internet, sistema Wi-Fi, projetores multimídia, netbooks, notbooks, e até aparelhos celulares são utilizados diariamente em
sala de aula com a finalidade de auxiliar na prática docente, apontando para
uma nova perspectiva do fazer pedagógico, onde recursos tecnológicos modernos e
de domínio público aliam-se ao processo educacional como ferramentas
facilitadoras de acesso à informação e, ao mesmo tempo, como instrumentos
acessíveis na transferência do conhecimento.
Por outro lado, o uso desses
equipamentos ainda é limitado, inclusive, pela falta de habilidade e treinamento
adequado por grande parte do corpo docente. Em geral, apesar da disponibilidade
desses recursos, muitos deles ainda são vistos como empecilhos que interferem
negativamente na aprendizagem. Isso ocorre porque muitas dessas TICs são utilizadas
de maneira inadequada; o uso de celulares em sala de aula, por exemplo, é
terminantemente proibido em algumas escolas; o sistema o Wi-fi é bloqueado por
senha; o professor utiliza o projetor multimídia como seu “substituto” e não
como um acessório didático, enfim, há uma grande incongruência entre as TCIs
disponíveis e seu emprego pedagógico adequado.
Se ao invés de proibir o uso
dos aparelhos celulares em sala de aula o professor mostrasse outras
possibilidades, incentivando o seu uso na produção de um texto ou para
encontrar coordenadas geográficas através do sistema GPS, por exemplo, poderia
utilizar essa tecnologia a seu favor. Se ao invés de bloquear o acesso às redes
sociais nos computadores da escola, ensinasse a seus alunos, por exemplo,
limites éticos entre publicidade e privacidade na utilização dessa ferramenta
de comunicação, ou ainda se utilizasse publicações feitas na rede para
trabalhar temas transversais, como sexualidade, respeito e preconceito, poderia
satisfazer as necessidades das crianças e jovens de estarem “o tempo todo
conectadas” e, ao mesmo tempo, ensiná-las de forma eficaz e divertida.
“A inserção das tecnologias
digitais na prática docente é um aspecto do planejamento que requer um cuidado
especial. Nesse sentido o coordenador pedagógico como principal articulador da formação
continuada na escola tem papel imprescindível na inserção da tecnologia no
currículo escolar” (BARROS Filho e ROCHA, p. 3).
É, pois, fundamental que
estejamos, enquanto educadores, preparados para lidar com essa nova realidade,
aprendendo a empregar pedagogicamente esses recursos que a era da tecnologia
oferece, fazendo com que se tornem um forte aliado no processo de ensino e
aprendizagem, uma vez que funcionam não apenas como um mecanismo moderno e
prático na transferência de informações, mas também como uma importante
ferramenta no sentido de aguçar o interesse do aluno pelo aprendizado. Caso
contrário, a aprendizagem terá que disputar o interesse do aluno com a
tecnologia, ao invés de aliar-se a ela para promover uma formação ampla e
eficaz do educando. “Por isso, é imprescindível que a escola
desenvolva um projeto político-pedagógico que privilegie o universo digital no
currículo escolar.” (Idem)
O aluno é curioso, sedento
de descobertas, de informações, de novos conhecimentos, de novas formas de
aprendizado. Cabe ao professor encontrar a tênue linha de equilíbrio entre os
recursos tecnológicos disponíveis e a adequada aplicabilidade destes no
processo de ensino, fazendo com que o interesse do aluno não se limite ao mero
uso da tecnologia, mas sim ao uso dessa tecnologia como instrumento da sua
aprendizagem.
Neste sentido, merece
destaque a utilização dos laboratórios de informática nas escolas, que em
muitos casos são subutilizados ou usados inadequadamente, quando poderiam promover,
se bem orientados, além da interação do aluno com as ferramentas tecnológicas
de aprendizagem, uma interdisciplinaridade do conhecimento a partir de projetos
que envolvessem as várias áreas do conhecimento e a informática.
Da mesma forma, a utilização
de softwares educativos, a criação e
utilização de Blogs para divulgação e
trocas de experiências entre os alunos, ou mesmo a realização de chats para discussão de temas estudados
em sala de aula, por exemplo, são formas instigantes e criativas de inserir as
TICs disponíveis no cotidiano escolar, de modo que o aluno possa compreender
que tais tecnologias não se limitam ao contato social ou a atividades de lazer.
O incentivo à pesquisa, a
descoberta da multiplicidade de usos da tecnologia em favor do conhecimento e
principalmente a adequada seletividade das informações dentro do universo
disponível no mundo da internet são aspectos fundamentais a serem trabalhados
na escola. É preciso, antes de tudo, educar o aluno para o uso correto e
consequente das TCIs, para que ele perceba, a um só tempo, os elementos
positivos e também negativos que a tecnologia oferece. É fundamental
desmitificar para o aluno o uso banal e improdutivo das TCIs, fazendo-o trazer
seu uso para dentro da sala de aula de forma adequada e responsável.
Portanto, tão essencial
quanto dispor de tecnologias é poder usá-las de forma adequada e produtiva,
tanto pelos professores quanto pelos alunos e, para tanto, o que se observa na
nossa realidade é que ainda é necessária uma reeducação no uso dessas
ferramentas, para que elas não se tornem vilões ao invés de grandes aliados.
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