sábado, 5 de outubro de 2013

As tecnologias digitais e a nova escola



A evolução da tecnologia atinge o homem moderno nos mais diversos aspectos da vida, em todas as esferas sociais, inserindo-se em todas as atividades cotidianas, inclusive na educação. É praticamente impossível, nos dias de hoje, conceber a realização de tarefas elementares, como pagar uma conta ou manter contato com um amigo ou parente que está distante, por exemplo, sem lançar mão dos diversos recursos da tecnologia moderna, como cartões eletrônicos, telefonia móvel, e-mails, entre outras tecnologias de informação e comunicação (TICs). De igual modo, torna-se inevitável inserir essas novas tecnologias dentro do contexto escolar, uma vez que ela faz parte da realidade de alunos e professores.
O avanço cada vez mais rápido das TICs chega às escolas, públicas e privadas, através das relativamente recentes inovações observadas nos próprios recursos e equipamentos utilizados nas atividades de ensino e aprendizagem, onde os antigos quadros com pincel dão lugar a lousas digitais que funcionam com um simples toque em uma tela, e tablets didáticos estão substituindo livros impressos.
Laboratórios de informática equipados com computadores ligados à internet, sistema Wi-Fi, projetores multimídia, netbooks, notbooks, e até aparelhos celulares são utilizados diariamente em sala de aula com a finalidade de auxiliar na prática docente, apontando para uma nova perspectiva do fazer pedagógico, onde recursos tecnológicos modernos e de domínio público aliam-se ao processo educacional como ferramentas facilitadoras de acesso à informação e, ao mesmo tempo, como instrumentos acessíveis na transferência do conhecimento.
Por outro lado, o uso desses equipamentos ainda é limitado, inclusive, pela falta de habilidade e treinamento adequado por grande parte do corpo docente. Em geral, apesar da disponibilidade desses recursos, muitos deles ainda são vistos como empecilhos que interferem negativamente na aprendizagem. Isso ocorre porque muitas dessas TICs são utilizadas de maneira inadequada; o uso de celulares em sala de aula, por exemplo, é terminantemente proibido em algumas escolas; o sistema o Wi-fi é bloqueado por senha; o professor utiliza o projetor multimídia como seu “substituto” e não como um acessório didático, enfim, há uma grande incongruência entre as TCIs disponíveis e seu emprego pedagógico adequado.
Se ao invés de proibir o uso dos aparelhos celulares em sala de aula o professor mostrasse outras possibilidades, incentivando o seu uso na produção de um texto ou para encontrar coordenadas geográficas através do sistema GPS, por exemplo, poderia utilizar essa tecnologia a seu favor. Se ao invés de bloquear o acesso às redes sociais nos computadores da escola, ensinasse a seus alunos, por exemplo, limites éticos entre publicidade e privacidade na utilização dessa ferramenta de comunicação, ou ainda se utilizasse publicações feitas na rede para trabalhar temas transversais, como sexualidade, respeito e preconceito, poderia satisfazer as necessidades das crianças e jovens de estarem “o tempo todo conectadas” e, ao mesmo tempo, ensiná-las de forma eficaz e divertida.
“A inserção das tecnologias digitais na prática docente é um aspecto do planejamento que requer um cuidado especial. Nesse sentido o coordenador pedagógico como principal articulador da formação continuada na escola tem papel imprescindível na inserção da tecnologia no currículo escolar” (BARROS Filho e ROCHA, p. 3).
É, pois, fundamental que estejamos, enquanto educadores, preparados para lidar com essa nova realidade, aprendendo a empregar pedagogicamente esses recursos que a era da tecnologia oferece, fazendo com que se tornem um forte aliado no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que funcionam não apenas como um mecanismo moderno e prático na transferência de informações, mas também como uma importante ferramenta no sentido de aguçar o interesse do aluno pelo aprendizado. Caso contrário, a aprendizagem terá que disputar o interesse do aluno com a tecnologia, ao invés de aliar-se a ela para promover uma formação ampla e eficaz do educando.Por isso, é imprescindível que a escola desenvolva um projeto político-pedagógico que privilegie o universo digital no currículo escolar.” (Idem)
O aluno é curioso, sedento de descobertas, de informações, de novos conhecimentos, de novas formas de aprendizado. Cabe ao professor encontrar a tênue linha de equilíbrio entre os recursos tecnológicos disponíveis e a adequada aplicabilidade destes no processo de ensino, fazendo com que o interesse do aluno não se limite ao mero uso da tecnologia, mas sim ao uso dessa tecnologia como instrumento da sua aprendizagem.
Neste sentido, merece destaque a utilização dos laboratórios de informática nas escolas, que em muitos casos são subutilizados ou usados inadequadamente, quando poderiam promover, se bem orientados, além da interação do aluno com as ferramentas tecnológicas de aprendizagem, uma interdisciplinaridade do conhecimento a partir de projetos que envolvessem as várias áreas do conhecimento e a informática.
Da mesma forma, a utilização de softwares educativos, a criação e utilização de Blogs para divulgação e trocas de experiências entre os alunos, ou mesmo a realização de chats para discussão de temas estudados em sala de aula, por exemplo, são formas instigantes e criativas de inserir as TICs disponíveis no cotidiano escolar, de modo que o aluno possa compreender que tais tecnologias não se limitam ao contato social ou a atividades de lazer.
O incentivo à pesquisa, a descoberta da multiplicidade de usos da tecnologia em favor do conhecimento e principalmente a adequada seletividade das informações dentro do universo disponível no mundo da internet são aspectos fundamentais a serem trabalhados na escola. É preciso, antes de tudo, educar o aluno para o uso correto e consequente das TCIs, para que ele perceba, a um só tempo, os elementos positivos e também negativos que a tecnologia oferece. É fundamental desmitificar para o aluno o uso banal e improdutivo das TCIs, fazendo-o trazer seu uso para dentro da sala de aula de forma adequada e responsável.
Portanto, tão essencial quanto dispor de tecnologias é poder usá-las de forma adequada e produtiva, tanto pelos professores quanto pelos alunos e, para tanto, o que se observa na nossa realidade é que ainda é necessária uma reeducação no uso dessas ferramentas, para que elas não se tornem vilões ao invés de grandes aliados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário